terça-feira, 8 de outubro de 2013

O rio às cores

O rio às cores
Era uma vez uma aldeia feliz, onde moravam muitas crianças e que era atravessada pelo rio das cores. Todos os dias os meninos se juntavam à beira do rio e ouviam as estórias que ele tinha para contar. O rio das cores, inteligente, determinado e que sabia sempre qual o seu caminho, mostrava-lhe que o sonho comanda a vida e que todos podiam ser o quisessem e sonhassem, ensinava que deviam tentar ser felizes todos os dias, que deviam viver os dias de forma empenhada e que a beleza do mundo estava nas pequenas coisas.
Os meninos respeitavam muito o rio das cores, ele era muito feliz, estava cheio de peixinhos coloridos, tinha barquinhos, flores e muitas ervas e todos os dias as pessoas mergulhavam nas suas águas, faziam piqueniques, todos os dias as pessoas viviam para o rio e o rio para as pessoas.
O Rául, o menino mais traquinhas da aldeia fazia muitas perguntas ao rio das cores: Porque tenho que tomar banho todos os dias? Porque não posso comer rebuçados amarelos todos os dias? Porque não posso mergulhar no rio sozinho? Porque tenho que ir à escola? Porque é que a minha mãe e o meu pai têm que trabalhar e não podem ficar comigo a brincar? E o rio das cores, com toda a sua sabedoria e paciência explicava que nem sempre podemos fazer tudo o que queremos e quando queremos, que também ele por vezes sofria, as pessoas nem sempre eram amigas do rio e deitavam para o rio o seu lixo, acabando por o sujar e o deixar muito triste.
O Rául, o Afonso, a Matilde, a Francisca e o Francisco que eram os meninos mais pequenos do grupo dos meninos do rio prometeram que nunca o iriam sujar e que iriam ensinar os meninos e os crescidos que o rio era amigo, e que o devia ser tratado como tal!
Mas um dia a aldeia das cores acordou cinzenta, não havia cor nas ruas, nos meninos, no céu, nem no rio… O Lucas, um amiguinho do rio, que estava muito doente, tinha partido, para se tornar na estrela mais cintilante do firmamento. Os meninos não percebiam, estavam tristes porque não tinham a companhia do Lucas, o rio não tinha peixinhos, nem flores, nem barquinhos, nem famílias a conviver.
A Mariana, umas das meninas mais crescidas do grupo dos meninos do rio e companheira de brincadeiras do Lucas, estava sentada a chorar à beira do rio, tinha saudades das brincadeiras na piscina de bolas, tinha saudades de empurrar o Lucas no seu super trator, saudades de se esconder com ele na casinha de brincar, saudades do verão e das brincadeiras na piscina e no rio. O rio que sabia a tristeza que sentia a Mariana, e porque também ele tinha saudades do Lucas, pediu a todos os meninos que se juntassem à sua beira, que mergulhassem os pés na água e que olhassem para o céu, que descobrissem a estrela mais brilhante e que mandassem um beijinho ao Lucas, e perguntou-lhes se eles achavam que o Lucas queria vê-los a chorar? Todos responderam um grande NÂO! O que o Lucas mais queria era que todos fossem felizes e que seguissem as mensagens de otimismo, de esperança e de sonhos que o rio todos os dias lhes transmitia.
No dia seguinte, o André correu de casa em casa a chamar todos os meninos, era altura de voltar a ter uma aldeia e um rio cheio de cor, o Lucas não podia estar lá em cima e ver tudo cinzento! Vamos, vamos, temos muito que fazer!
O João e a Maria Leonor foram buscar os peixinhos, trouxeram as enguias, os salmões, as lampreias, os ruivacos e as trutas, o Renato e o Tiago foram buscar os tojos, as giestas, e as urtigas, o rio das cores voltou a estar cheio de cor e todos estavam muito felizes com o seu trabalho! Só faltavam as pessoas, a Margarida o Gonçalo e a Carolina foram de casa em casa pedir às pessoas que se juntassem ao rio, que trouxessem os seus barquinhos, os baldes e as boias, era chegada a hora de fazer uma festa, era altura de mostrar ao Lucas que iam seguir os ensinamentos do rio das cores e tentar ser felizes todos os dias e com as pequenas coisas!
Foi um dia muito feliz na aldeia das cores, houve brincadeira no rio, partilha de brinquedos, muito mimo e amor e toda a aldeia prometeu ao rio das cores que todos os dias iam lutar mais um bocadinho por ser felizes!

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